quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Caso Emanuelle: investigação sobre assassinato de menina continua mesmo após morte de suspeito, diz polícia

O suspeito Aguinaldo Assunção foi achado morto no CDP de Cerqueira César (SP), onde cumpria prisão preventiva. Emanuelle, de 8 anos, foi morta a facadas em Chavantes (SP).

Por Marília Moraes, G1 Bauru e Marília





As investigações sobre o assassinato da menina Emanuelle Pestana de Castro, de 8 anos, vão continuar mesmo após o suspeito Aguinaldo Guilherme Assunção ter sido encontrado morto dentro da cela onde estava preso, no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Cerqueira César (SP).

De acordo com o delegado de Ourinhos (SP), Antonio José Fernandes Vieira, os trabalhos seguem normalmente. "O inquérito que apura o homicídio de Emanuelle terá seguimento até que todas as circunstâncias do ocorrido sejam estabelecidas", afirma.

Emanuelle foi encontrada morta na noite de segunda-feira (13) em uma área rural de Chavantes, cidade onde morava com a família, após desaparecer enquanto brincava no parquinho de uma praça, no dia 10 de janeiro. Aguinaldo era vizinho da menina e foi encontrado morto no presídio, na quarta-feira (15).

Ainda segundo o delegado, as últimas horas da menina na praça onde brincava e o no canavial onde ela foi encontra morta serão refeitas durante a investigação.

"Vamos focar na reconstrução do que ocorreu nas últimas horas de vida de Emanuelle. Por hora, não há nenhum elemento que indique a participação de outra pessoa no crime", afirma o delegado.

Apesar de os trabalhos continuarem, a morte de Aguinaldo pode atrapalhar as investigações, pois a polícia poderia colher novas informações do suspeito, informou o delegado.

Segundo boletim de ocorrência, ele foi encontrado descordado com um lençol envolto no pescoço. A polícia acredita que ele tenha cometido suicídio na cela, mas a morte será investigada. "O corpo não tinha nenhum sinal de violência. Mas toda a investigação da morte será feita pela delegacia de Cerqueira César", complementa o delegado.

Crime

Emanuelle estava desaparecida desde o dia 10 de janeiro, quando saiu para brincar no parquinho de uma praça do bairro Cohab, em Chavantes. O corpo da menina foi encontrado três dias depois próximo a um córrego em uma área rural da cidade.

Aguinaldo confessou ter matado Emanuelle a facadas e indicou à polícia onde estava o corpo. O suspeito relatou, durante depoimento à polícia, que assassinou a menina por vingança contra a mãe dela.

Segundo depoimento, a mulher não deixava a menina brincar com o enteado dele. No entanto, essa versão é questionada pela polícia.

Segundo o delegado Antônio José Fernandes Vieira, Aguinaldo já havia sido condenado e cumpriu pena em 1988 por ter assassinado o irmão.

Emanuelle foi velada por parentes e amigos na terça-feira e enterrada no Cemitério Municipal de Chavantes.

Antes de ser velado, o corpo da menina passou por autópsia na manhã de terça-feira e o exame necroscópico apontou que ela levou oito facadas nas costas e cinco no peito.

"O exame necroscópico revelou que foram 13 facadas: oito nas costas e cinco no peito. Destas, seis são mais relevantes, foram mais profundas”, destaca o delegado.

O laudo também apontou que o hímen da menina não foi rompido, o que indica que não houve penetração. Porém, outros tipos de abuso sexual ainda não foram descartados pela polícia e novos exames serão feitos para continuar a investigação.

Ainda de acordo com o delegado, o exame também procurou verificar se a menina tentou reagir aos golpes analisando vestígios de pele do suspeito embaixo das unhas da vítima. No entanto, o delegado afirmou que "foi muito difícil ter uma reação pelas facadas terem sido nas costas”.

Câmeras de segurança

A polícia chegou ao suspeito depois de analisar as imagens das câmeras de segurança próximas à praça do bairro Cohab, onde Emanuelle brincava na tarde de sexta-feira.

A polícia verificou que Aguinaldo aparecia duas vezes no vídeo. O que chamou a atenção da polícia é que entre uma aparição e outra, registradas no mesmo dia, ele está com roupas diferentes. Em um primeiro momento, o homem aparece de camiseta branca e a pé, e passa ao lado da garota, que caminha pelo bairro.

Depois, em outra câmera de segurança, o suspeito é visto perto da praça de camiseta vermelha e em uma bicicleta. Ele vai na direção da criança, que aparece no canto direito de vestido branco, e faz abordagem. Em seguida, ele sai com a bicicleta e a menina é vista atravessando a via.

Aguinaldo já havia prestado depoimento à polícia e negado saber de qualquer informação sobre o desaparecimento da criança. Contudo, ele acabou confessano o crime à polícia, depois de confrontado com as imagens das câmeras de segurança.

"Ele falava que tinha mantido apenas um contato, mas isso foi desmentido pelo estudo das câmeras que mostra um outro contato, inclusive com roupas diferentes, o que era estranho", afirma o delegado Vieira.

Imagens em que a menina aparece brincando na praça e a caminho do parquinho em Chavantes também foram analisadas pela polícia.

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